Amplificador Luxman L-507z e colunas Bowers & Wilkins 705 S3: Um casamento feito no céu

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Luxman L-507z

Imune às modas, a Luxman é uma das marcas de alta fidelidade mais antigas do Japão, que continua a fazer os produtos à sua maneira, desde que foi fundada em Yokohama, em 1925. O design conservador dos seus amplificadores com transístores é já um clássico imediatamente reconhecível.


De forma familiar, o L-507z continua a tradição do design clássico da marca, mantendo dois grandes - e hipnotizantes - vuímetros ao centro, com os restantes botões e seletores dispostos simetricamente a ocuparem o resto da frente do amplificador. Tanto o seletor de fonte, como o controlo de volume podem ser operados remotamente por meio de um comando à distância, de grandes dimensões, mas os seus botões são incompreensivelmente pequenos.


Luxman L-507z remote


Os utilizadores de auscultadores não foram esquecidos e podem contar com uma entrada balanceada Pentaconn 4.4 mm para além da normal de 6.3 mm, oferecendo uma excelente alternativa a um amplificador dedicado.


A Bowers & Wilkins não existe há tanto tempo como a Luxman, mas ainda assim já leva uns respeitáveis sessenta anos a fabricar colunas de som. Foi pioneira em desenvolvimentos acústicos relevantes, e pelo caminho acumulou inúmeros prémios. Não é, por isso, estranho que a 800 Series Diamond (o seu topo de gama), seja a escolhida por muitos estúdios de gravação, incluindo um em particular: o Abbey Road Studios.


As elegantes B&W 705 S3 herdam alguma tecnologia das 800 Diamond


As B&W 705 S3 são umas elegantes colunas monitoras de duas vias com uma porta reflex traseira para reforço dos graves. A sua construção é de uma qualidade irrepreensível, têm um aspeto muito refinado, sobretudo neste acabamento "mocha", e pesam quase 10 kg cada uma. Devem ser colocadas em suportes para ouvirmos o melhor que elas têm para dar. Herdam alguma tecnologia das 800 Diamond aplicada de forma mais económica, e prometem, segundo a marca uma reprodução musical em casa, com a qualidade do som de estúdio.


Luxman L-507z


Tanto o amplificador, como as colunas foram retirados das respetivas caixas seladas. A tocarem pela primeira vez, o som já de elevada qualidade que produziam juntos, só melhorou durante as semanas em que estiveram ao nosso cuidado.


O amplificador integrado L-507z está equipado com uma fonte de alimentação regulada que fornece energia ao novo transformador EI que carrega uma fileira de oito condensadores com 10,000 µF. Funciona em Classe AB, e produz 110 watt por canal com uma carga de 8 Ω, sendo capaz de lidar com um leque alargado de colunas disponíveis no mercado.


O novo LIFES "Luxman Integrated Feedback Engine System", é um circuito que controla o feedback, garantindo níveis de distorção inaudíveis para uma performance musical mais natural. Foi implementado no novo amplificador de potência M-10X, e representa um salto significativo face ao anterior circuito ODNF (Only Distortion Negative Feedback). Para além disso, o botão do volume, ou neste caso o atenuador é controlado pelo LECUA1000 (Luxman Electric Controlled Ultimate Attenuator), o mesmo circuito que podemos encontrar no topo de gama da Luxman, o C-900u de 20 mil euros, que utiliza 88 passos para um ajuste fino preservando o máximo detalhe musical em todos os níveis de volume. Na parte de trás encontramos duas entradas XLR balanceadas, e quatro RCA não balanceadas, bem como saídas para dois pares de colunas e uma entrada de phono que cobre a utilização de células MM (imã móvel) e MC (bobine móvel).


Bowers & Wilkins 705 S3

As colunas B&W 705 S3 utilizam a solução emprestada das irmãs mais velhas 800, em que o tweeter está alojado no topo da coluna, num compartimento próprio, cuja forma icónica é inspirada nas lendárias Nautilus. Trata-se de uma peça de alumínio maquinado, que a marca diz aumentar a rigidez e diminuir ressonâncias e distorção. Utiliza bobinas ventiladas, e uma cúpula de 25 mm com membrana de carbono. A unidade de médios-graves recorre a um cone de 165 mm, feito a partir de um polímero compósito patenteado a que a B&W chamou de Continuum. Tem um amortecimento superior e uma resposta de frequência mais linear. A elegância do design frontal continua a verificar-se na traseira, onde encontramos uma porta reflex melhorada e uma placa metálica espelhada com quatro robustos terminais que permitem uma configuração bicablada, ou biamplificada. O crossover de primeira ordem com uma frequência de corte nos 4kHz também foi alvo de melhorias, e emprega agora condensadores da Mundorf.


Luxman L-507z e Bowers & Wilkins 705 S3


As 705 S3 podem ser usadas numa configuração multicanal para cinema em casa, quando complementadas com os restantes modelos da gama 700. Neste teste foram utilizadas apenas as duas monitoras, numa configuração clássica em stereo.


O casal Baremboim e du Pré foi prolífico em concertos e gravações

Sendo esta uma análise completamente subjetiva - não fazemos medições -, a melhor analogia que encontramos para descrever a performance do Luxman L-507z, e das B&W 705 S3, é a relação entre dois músicos de exceção: Daniel Baremboim e Jacqueline du Pré. Ele, um pianista fenomenal, que deu o seu primeiro concerto aos sete anos de idade, embora tenha seguido a carreira de maestro. Ela, violoncelista genial, que aos vinte anos, grava o concerto de Elgar para a EMI, com a Orquestra Sinfónica de Londres conduzida pelo maestro Sir John Barbirolli. Era conhecida por conseguir tocar peças complexas de ouvido, sendo capaz de o fazer com delicadeza e ímpeto. Os dois conheceram-se em 1966, e um ano depois estavam casados. Nos anos seguintes o casal foi extremamente prolífico em concertos e gravações, tanto com orquestras, como com quartetos. Infelizmente Jaqueline morre aos 42 anos, em 1987, vítima de esclerose lateral múltipla.



O Luxman L-507z faz uma interpretação dos instrumentos no ritmo e timbre corretos

Com efeito, o romantismo lírico da Sonata em Lá Maior: "III Recitativo - Fantasia Bem moderato - Molto lento" do álbum em CD "Chopin&Franck: Cello Sonatas", é perfeitamente respeitado. Gravado pelo casal em 1972 com Bareboim ao piano e Du Pré no violoncelo, é aqui reproduzido de forma notável por esta dupla de amplificação e colunas. O Luxman L-507z faz uma interpretação dos instrumentos no ritmo e timbre corretos, cheio de sofisticação e subtileza, enquanto as B&W 705 S3 produzem uma imagem estereofónica precisamente focada e um palco sonoro rico e detalhado, com uma escala que parece impossível de obter com umas colunas tão pequenas.


As B&W 705 S3 produzem uma imagem estereofónica precisamente focada


Mas não queremos transmitir a ideia de que este par só é capaz de tocar um determinado tipo de música. Explorando o pré-amplificador de phono incluído com opção para células MC (bobine móvel), decidimos ouvir o LP "King for a Day" da banda de hard-rock Faith No More. Ao longo do álbum existem temas complexos, que noutro sistema resultariam numa amálgama de sons indecifráveis. Mas não para este dueto, que tem resolução suficiente para fazer a proeza de transformar a audição deste tipo de rock em algo viciante. O nosso favorito é "Evidence", um tema com inspiração "Soul" e "R&B", com uma linha de baixo incrível tocada por Billy Gould a acompanhar a voz melódica de Mike Patton.


Luxman L-507z


Com uma sensibilidade de apenas 88 dB, as B&W 705 S3 não são as colunas mais fáceis de amplificar, mas o Luxman L-507z fá-lo com facilidade, demonstrando uma grande reserva de potência e amortecimento para controlo do grave, mesmo em níveis de volume elevados. A relação entre os dois resulta no balanço perfeito entre um som cristalino, que respeita as nuances de cada gravação.


O casamento entre Daniel Baremboim e Jacqueline du Pré não durou uma vida, mas deixou-nos um legado musical único, que felizmente podemos desfrutar na sua plenitude com o Luxman L-507z e as B&W 705 S3 para o resto das nossas vidas.


Amplificador integrado Luxman L-507z: 9 490 euros Ultimate Audio


Colunas Bowers & Wilkins 705 S3: 3 000 euros Bowers & Wilkins


Luxman L-507z


Bowers & Wilkins 705 S3



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