Colunas de som Diptyque dp 77: só para quem gosta de música

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Diptyque DP77


A escolha de umas colunas de som para integrarem um sistema de alta-fidelidade é das tarefas mais difíceis para um audiófilo, ou amante de música.


A decisão sobre as melhores colunas para um sistema de som de alta-fidelidade é complexa sobretudo para os amantes de música que não têm uma sala dedicada, uma vez que, antes de aferir se tocam bem, ainda têm de passar pela aprovação da sua componente estética pelos membros da família que vivem lá em casa. O tipo de colunas de som mais comuns será o dinâmico, ou seja: aquelas que encontramos à venda na maioria das lojas de alta-fidelidade. São compostas por vários altifalantes que reproduzem as frequências graves, médias e agudas, normalmente colocados numa caixa.


As Diptyque pertencem a um outro tipo de colunas de som, chamadas de painel. Embora existam outras, dentro deste tipo destacam-se as eletrostáticas, e as Isodinâmicas ou Magnetostáticas. Ambas utilizam uma fina membrana de um material semelhante ao plástico, ou Mylar no meio de dois painéis metálicos perfurados, mas as semelhanças terminam aí, pois enquanto nas eletrostáticas o movimento da membrana para produzir som é obtido através de voltagens muito elevadas, as Magnetostáticas conseguem-no a partir do efeito eletromagnético causado por ímanes colocados nos painéis metálicos.




Pode nunca ter ouvido falar destas tecnologias, mas elas não são propriamente novas. As primeiras colunas eletrostáticas, as ESL-57 foram criadas em 1956 por Peter Walker, o fundador da Quad. Na verdade, sem as ESL-57, ainda hoje reverenciadas por audiófilos, é possível que não existisse a tecnologia planar-magnética, mais tarde inventada por Jim Winey em 1969.


Diptyque DP77

Gilles Douziech é engenheiro eletrónico, especializado em ultrassons e tem uma paixão desde muito novo por alta-fidelidade e colunas de som em particular. Começou por construir os primeiros modelos de fita, para reproduzir as suas criações musicais em galerias de arte contemporânea. Eric Poix é um audiófilo convicto há mais de 25 anos, a sua vasta experiência em metalomecânica permitiu a conceção das elegantes e sofisticadas estruturas para as Diptyque.


Diptyque DP77


Depois de terem experimentado todo o tipo de tecnologias utilizadas no fabrico de colunas de som, os franceses Gilles e Eric concluíram que aquela que oferecia uma reprodução mais natural do som era a magnetostática. A dupla francesa ainda desenvolveu e incluiu melhorias para a utilizarem nos seus produtos. O resultado é a tecnologia Push Pull Bipolar Magnet, ou (PPBM) patenteada pela Diptyque. Na prática trata-se da utilização de ímanes bipolares fabricados de acordo com as suas especificações, e são colocados nas partes frontal e traseira da membrana de modo a manter as fitas de alumínio dentro de um campo magnético constante quando esta se move, garantindo assim uma resposta estendida ao nível dos graves e transientes controlados e precisos.


Os tweeters de fita, também proprietários, são construídos como uma célula isodinâmica, utilizando mylar e uma bobine de alumínio que se move dentro de um fortíssimo campo magnético produzido pelos ímanes de neodímio. São projetados para funcionarem dentro de uma frequência alargada, e otimizados para uma integração perfeita com o painel de médios/graves. A estrutura da coluna é uma "sanduíche mecânica" com uma moldura interior em MDF que segura o painel principal e o tweeter de fita, sendo depois tudo mantido no lugar pela moldura exterior em aço. A Diptyque refere que consegue assim uma estrutura rígida, livre ressonâncias e sem coloração.


Diptyque DP77


O design do interior da embalagem onde vêm as dp77 não está ao nível por exemplo das Bowers&Wilkins, em que todos os componentes estão acomodados sem margem para se moverem dentro da caixa. Mas é com agrado que vemos que houve uma preocupação por parte da Dyptique, em aproveitar as sobras dos painéis de MDF para fazer as molduras onde os suportes das colunas são fixos para o transporte.


Montar as dp77 é uma tarefa extremamente simples, no entanto, numa das colunas, um dos parafusos laterais teimava em não encontrar a rosca. Como nas instruções não referia nada relativo à dificuldade encontrada, obrigou-nos a uma viagem às instalações do importador para informação adicional. À parte deste percalço, em 10 minutos as dp77 estavam prontas a tocar.


A primeira impressão depois de as ver montadas é que são umas colunas de som muito elegantes, e o seu design é de uma simplicidade desconcertante. À semelhança dos outros modelos da marca, o nome escolhido (dp77), refere-se à sua altura: 77 cm. Com 47x2 cm nas restantes medidas e 18 quilos de peso com suportes, foram fáceis de integrar numa sala de estar com cerca de 30 m².


Diptyque DP77


Construídas à mão no sul de França, as dp77 são colunas de duas vias e utilizam um painel de médios/graves com 0.1232 m², e um tweeter de fita com 30 cm de altura. Têm uma sensibilidade de 84 db e uma impedância de 6 ohms que é relativamente estável, não exigindo uma grande carga da parte do amplificador. A frequência de resposta indicada é de 50 - 19000Hz, e a marca recomenda amplificadores com um mínimo de 60 watt, mas preferencialmente com 150 watt ou mais.


Ambos os amplificadores utilizados no teste cumpriam os requisitos, tanto no caso do NAD C 3050 LE com 100 watt por canal e celebra os 50 anos da marca, como o residente TacT Millennium com 150 watt, ambos a uma impedância de 8 ohms. Contrariamente a todas as indicações que encontramos em relação à potencial dificuldade do seu posicionamento, as dp77, foram provavelmente as colunas de som mais fáceis de colocar no ponto certo praticamente na primeira tentativa. Claro que, para isso, ajuda muito conhecer bem a acústica da sala, mas este resultado ainda não tinha acontecido com tal facilidade.


Uma das características que mais surpreende nas dp77 é a aparentemente facilidade com que a música flui quando estão a tocar. Não quer isto dizer que tenham uma projeção de som omnidirecional, muito pelo contrário, mas parece que nem sequer precisam de se esforçar, até mesmo para atingir níveis de volume elevados.


Diptyque DP77


Na falta de indicações em relação à orientação dos tweeter's - para o lado de dentro ou de fora das colunas -, optámos pelo último, por conferir um palco sonoro mais alargado. Depois foi só escolher qual a inclinação vertical a dar aos painéis para regular a altura do palco e a reflexão do som no chão. O som obtido com os dois amplificadores foi muito semelhante, o que acreditamos ser fruto da topologia que ambos utilizam ter tecnologia implementada pela mesma pessoa: Peter Lyngdorf, que fundou a TacT e construiu o amplificador Millennium que funciona puramente em Casse D, e mais tarde implementou a tecnologia digital híbrida nos amplificadores NAD quando foi proprietário da marca.


Outra característica impressionante nas dp77 é a transparência, rapidez, e coesão na reprodução musical, tudo acompanhado de um grave surpreendente. É certo que só descem aos 50 Hz, mas ficamos com a sensação de ser mais profundo, ao ponto de as visitas perguntarem se está algum subwoofer ligado. Outras marcas já tentam resolver a falta de graves em colunas de painel há muito tempo, como por exemplo a Martin Logan, com a junção de uma unidade de grave tradicional de cone em painéis eletrostáticos. Como é o caso sua gama ESL, que inclusive já testámos, mas nunca ficámos totalmente convencidos com o resultado. Existe sempre um problema qualquer em relação à integração que parece resultar numa falta de coerência entre as duas unidades.


O "elefante" na sala de um audiófilo é a própria sala. É uma luta constante a tentar controlar as ressonâncias para otimizar a resposta em frequência, sobretudo com colunas com caixa de topologia dinâmica. Com as dp77 a vida fica mais facilitada pois elas até preferem uma sala mais "despida", ou com um tratamento acústico reduzido à própria decoração. O seu funcionamento em dipolo aproveita as características da sala pois radia para a frente e para trás. Requer algum cuidado com a distância à parede traseira, mas o cancelamento nos 180 graus, resolve o problema das reflexões laterais.


Diptyque DP77


Ligadas ao NAD C 3050 LE e utilizando o servidor de música Zen Mini Mk3 com fonte de alimentação separada como fonte digital, as dp77 tocaram de forma detalhada, clara, dinâmica e muito fácil de ouvir, mas foi ao mudar para o TacT Millennium que revelaram a sua verdadeira natureza: a expressividade na reprodução das vozes de Aldina Duarte e António Zambujo, acompanhadas por uma guitarra tímida no dueto "Rosa Enjeitada" no álbum "Roubados" foi impressionante, tal como o tema "Sei de um Rio" do álbum "Sempre de Mim" do fadista Camané; uma interpretação que para além de arrepiar provoca um nó na garganta, tal é o detalhe da voz grave do fadista juntamente com a guitarra portuguesa pontuada pelo contrabaixo. No entanto, as dp77 não brilham apenas com vozes e instrumentos acústicos. "Billie Bossa Nova", do álbum "Happier Than Ever" de Billie Eilish é-nos apresentado de forma inteligível, revelando as nuances entre a voz delicada e lânguida de Eilish, e o grave que enquadra o tema. Ainda na música de dança, a textura orgânica da bateria real que a dupla francesa Daft Punk fez questão de utilizar em vez de recorrerem a uma sintetizada em "Lose Yourself to Dance" do álbum "Random Access Memories" é perfeitamente reproduzida. Até os fãs de heavy metal da década de 1970 poderão descobrir coisas novas nos seus álbuns favoritos, tal como nos aconteceu com "War Pigs" do álbum "Paranoid" dos Black Sabbath, esta música é uma verdadeira masterclass ao redescobrir com clareza os riffs da guitarra de Tony Lommi e a fenomenal bateria de Bill Ward. O que nos leva a crer que as Diptyque para além de potência, gostam de muita corrente e estabilidade por parte da amplificação.


Claro que apesar de o grave ser muito detalhado, rápido e seco, a capacidade das dp77 moverem o ar não é suficiente para se sentir no peito, no entanto nós abdicamos da extensão em favor da precisão sem qualquer problema. Contudo, estas colunas não são perfeitas: a facilidade com que depois de corretamente posicionadas, se obtém um grande palco sonoro com uma imagem perfeitamente focada ao centro, funciona de forma excelente para um ponto de escuta, mas não para quem estiver ao lado, pois o foco já não está lá. Não sendo necessariamente um problema, é algo a ter em conta, embora na maioria dos casos o caminho de um audiófilo(a), seja muito solitário.


As dp77 são como que uma extensão das vozes e dos instrumentos na forma como reproduzem a música contida numa gravação. Entre muitas colunas que já testámos, foram poucas as que provocaram o desejo de voltar a redescobrir álbuns que já não ouvíamos há décadas. Arriscamos dizer que dentro do seu preço não há outras colunas que toquem como elas.


Dyptique acabou de apresentar no High End de Munique as novas dp85 e dp115, que substituem as dp77 e dp107, mas ainda se encontram na tabela de preços do importador.


Dyptique dp77: 4 100 euros 

Opção de pintura numa de 160 cores: 450 euros

Impressão de imagem à escolha em tela têxtil: 190 euros

Disponíveis em Ultimate Audio Elite


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