Amplificadores Pro-Ject: Stereo Box RS vs Stereo Box DS3

Fernando Marques
Por
0




Há muito que a Pro-Ject deixou de ser apenas um fabricante de gira-discos. Heinz Lichtenegger, fundador e CEO da marca, é um audiófilo assumido e sempre defendeu a ideia de que um sistema completo deve poder ser construído exclusivamente com componentes Pro-Ject. A gama atual comprova essa ambição: pré-amplificadores phono, leitores de CD, amplificadores de auscultadores, amplificadores integrados, pré-amplificadores, amplificadores de potência e monoblocos, DACs, streamers, recetores, sintonizadores e caixas multimédia. Tudo isto integrado na filosofia Box Design — aparelhos compactos, empilháveis e visualmente coerentes. Bem-vindos ao universo Pro-Ject.


Durante a maior parte da audição, o Stereo Box RS foi ligado a umas Triangle Borea BR03. Bastaram os primeiros acordes de Little Wing, na interpretação de Jonas Hellborg em Elegant Punk, para percebermos que estávamos perante um amplificador surpreendentemente musculado. A autoridade com que controlou as colunas levou-nos a confirmar as especificações técnicas: 2 x 120 W a 4 ohms, com estabilidade garantida até 2 ohms. Potência mais do que suficiente para a maioria das colunas do mercado.


Stereo Box RS


Para quem necessite de ainda mais fôlego dinâmico, especialmente em salas de maiores dimensões, a Pro-Ject oferece soluções modulares como o conjunto Pre Box e Amp Box (2 x 180 W) ou configurações em monobloco (1 x 195 W). Com a fonte de alimentação externa PS Box RS, a potência pode atingir uns impressionantes 2 x 250 W a 4 ohms. Esta escalabilidade é uma das grandes virtudes das pequenas caixas da marca.


PS Box RS

PS Box RS


O Stereo Box RS representa a interpretação da Pro-Ject de um amplificador estéreo clássico: uma entrada balanceada XLR, cinco entradas single-ended RCA e um conjunto de saídas que inclui terminais para colunas, saída para subwoofer, além de saídas fixa e variável.


Já o Stereo Box DS3 aposta numa abordagem mais contemporânea. Disponibiliza três entradas de linha, um estágio phono compatível com cápsulas MM e MC e conectividade Bluetooth 5.0, tornando-o particularmente atrativo para quem utiliza fontes modernas. A secção de potência, concebida em configuração dual mono, fornece até 150 W por canal a 4 ohms, garantindo um palco sonoro amplo, profundo e autoridade suficiente para colunas exigentes.


Stereo Box DS3

Stereo Box DS3


Ambos os modelos incluem ligações de trigger de 12 V, permitindo ligar vários componentes com um único botão. A saída de auscultadores impressiona, com 450 mW a 32 ohms, e o comando remoto incluído completa o conjunto com elegância.


De referir que os terminais de coluna estão bastante próximos entre si, pelo que a utilização de cabos terminados em fichas banana é recomendada. Em comum, ambos os amplificadores exibem os característicos interruptores de alavanca da Pro-Ject, que evocam um certo charme à la Nagra, perfeitamente integrados no trabalho irrepreensível em alumínio usinado.


Audição


Em Tin Pan Alley, de Stevie Ray Vaughan, ouvido a volumes generosos, o Stereo Box RS libertou um blues cru e eletricamente carregado, impossível de ignorar sem acompanhar com o pé. Em No Way Out, de Peter Gabriel (UP), destacou-se a capacidade do amplificador em diferenciar com clareza um baixo elétrico de um contrabaixo acústico, preservando a ambiência natural de cada instrumento.


Apesar da neutralidade e do controlo dos módulos de potência Hypex, foi a musicalidade acrescida pelas válvulas Electro-Harmonix na secção de pré-amplificação do RS que acabou por nos conquistar, acrescentando textura e fluidez à apresentação sonora.


Stereo Box RS


O Stereo Box DS3, por sua vez, materializa a visão moderna de um amplificador integrado clássico, agora adaptado aos hábitos atuais de escuta. Com potência abundante, conectividade alargada e construção exemplar, é um verdadeiro centro nevrálgico para sistemas compactos de elevada qualidade.


Construção e apresentação


A apresentação do Stereo Box RS pode resumir-se em três palavras: sóbria, séria e sólida. A caixa é totalmente construída em metal, com um painel frontal em alumínio maciço de 10 mm de espessura. À esquerda encontra-se o interruptor de alimentação, acompanhado por um discreto LED azul que pisca durante a estabilização das válvulas e permanece fixo após o aquecimento. No centro, o botão de volume recuado é ladeado por LEDs indicadores das entradas e pelo seletor de fonte.


No interior, a qualidade de construção mantém-se irrepreensível. As válvulas Electro-Harmonix 6922EH funcionam como buffers de entrada, enquanto amplificadores operacionais Burr-Brown OPA2134 tratam do ganho, da inversão de fase e da filtragem ativa da saída para subwoofer. O controlo de volume é assegurado por um potenciômetro motorizado Alps, e os módulos de potência Hypex UcD garantem elevada eficiência (92%), estabilidade em cargas difíceis e proteção abrangente.


Conclusão


Compacto nas dimensões, mas generoso em potência e desempenho, o Pro-Ject Stereo Box RS é um amplificador notável, com excelente qualidade de construção e um carácter sonoro maduro e envolvente. A possibilidade de evolução através de fonte de alimentação mais potente torna-o particularmente apelativo para audiófilos exigentes. Com seis entradas analógicas e uma apresentação sonora convincente em todos os géneros musicais, é uma proposta extremamente sólida dentro do seu segmento.


Os amplificadores Stereo Box RS e Stereo Box DS3 foram cedidos pela On-Off para o teste, mas entretanto a Pro-Ject em Portugal passou a ser representada pela Esotérico.

Preços

Pro-Ject Stereo Box RS: 690 euros

Pro-Ject Stereo Box DS3: 750 euros

Pro-Ject PS Box RS: 599 euros



Tags:

Enviar um comentário

0Comentários

Enviar um comentário (0)

#buttons=(OK, pode ser!) #days=(20)

Este site utiliza cookies da Google para disponibilizar os respetivos serviços e para análise do tráfego.
Ok, Go it!