Colunas de som Triangle Borea BR03: um teste tardio, mas mais que merecido

Fernando Marques
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Triangle Borea BR03


O mundo da alta-fidelidade habituou-nos à ideia de que, para obtermos equipamentos de excelência, é preciso investir quantias consideráveis. Por isso, é com algum ceticismo que o mercado costuma receber as propostas que prometem “muito som por pouco dinheiro”. No entanto, há marcas que conseguem desafiar essa lógica — e a Triangle é um bom exemplo disso.



Fundada em 1980, em Soissons, França, a Triangle foi desde cedo reconhecida pela qualidade sonora e pela elegância das suas colunas. O seu primeiro modelo, as Triangle 1180, recebeu rasgados elogios da crítica e rapidamente conquistou espaço nas lojas especializadas, consolidando a reputação da marca entre os audiófilos europeus.


A filosofia da Triangle mantém-se até hoje: mais do que números e especificações, o que realmente importa é a musicalidade, a rapidez de resposta e o equilíbrio tonal. Como refere a própria marca, a emoção que uma coluna é capaz de transmitir está muitas vezes para além do que se pode medir em laboratório.

Na ficha técnica das Borea BR03, encontramos valores equilibrados: resposta em frequência de 46 Hz a 22 kHz (+/- 3 dB), potência admissível até 100 W e impedância nominal de 8 ohms. São dados que podem parecer modestos, mas que, na prática, revelam uma coluna bem afinada e coerente com o seu posicionamento no mercado.


Triangle Borea BR03



Uma gama pensada para o audiófilo consciente

A série Borea foi concebida a pensar no comprador exigente mas racional — alguém que procura uma primeira experiência de alta-fidelidade ou uma atualização acessível, sem abdicar de qualidade e design. As BR03, em particular, posicionam-se como uma excelente escolha para sistemas estéreo compactos ou para integrar um segundo sistema de audição.


O design é clássico, com subtis toques modernos, e tendo em conta o preço, o nível de acabamento é irrepreensível






Apesar de ser uma gama de entrada, a Triangle não poupou na qualidade de construção. O design é clássico, com subtis toques modernos, e tendo em conta o preço, o nível de acabamento é irrepreensível. As caixas foram cuidadosamente reforçadas para garantir rigidez estrutural e minimizar vibrações. O amortecimento interno, especialmente nas zonas de fixação do woofer e do tweeter, contribui para um som mais limpo e controlado. A opção por um acabamento em vinil de alta qualidade (em vez de madeira natural) ajuda a conter custos sem comprometer a estética.


Triangle Borea BR03




No campo técnico, o woofer de 165 mm utiliza um cone em celulose natural branca, material leve e rígido que favorece a naturalidade dos médios. O tweeter é uma unidade de 25 mm com cúpula de seda, montado numa ligeira recessão para criar um efeito de semi-corneta, melhorando a dispersão das altas frequências. O elemento metálico frontal, que à primeira vista parece uma simples proteção, é na verdade um corretor de fase, concebido para reduzir a direcionalidade e aumentar a difusão do som.


Colocação versátil


Outro detalhe importante é a presença de duas portas de graves frontais, que permitem estender a resposta até aos 46 Hz e facilitam a colocação das colunas em espaços mais pequenos ou próximos de paredes — uma vantagem face a modelos com portas traseiras.


Em “Birds”, de Dominique Fils-Aimé (álbum Nameless), a voz surge doce e envolvente, com o coro perfeitamente posicionado em profundidade





Durante as audições, as BR03 demonstram um desempenho surpreendente para o seu tamanho. Em “Birds”, de Dominique Fils-Aimé (álbum Nameless), a voz surge doce e envolvente, com o coro perfeitamente posicionado em profundidade. O grave é seco, controlado e, por vezes, parece descer abaixo do valor indicado pelo fabricante. Já em “Next Time”, do álbum Soul Power de Curtis Harding, o ritmo é contagiante: a bateria tem corpo e definição, e o groove da voz dá vida à música. Em “Shadowboxer”, de Fiona Apple (Tidal), a dinâmica vocal é exemplar — do sussurro ao quase desespero, tudo é reproduzido com realismo e emoção.


Triangle Borea BR03




No fim, a Triangle tem razão: o desempenho de uma coluna não se resume às medições. O verdadeiro teste está na capacidade de nos fazer sentir a música — de nos levar a “bater o pé” sem darmos conta do tempo a passar.

As Triangle Borea BR03 não são para quem procura um som analítico e ultra-linear. São, sim, para quem valoriza carácter, musicalidade e prazer de audição. Por cerca de 450 euros (disponíveis em José Lopes Marques), estas colunas representam uma das melhores propostas no segmento de entrada da alta-fidelidade — um verdadeiro convite a redescobrir o prazer de ouvir música.

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