Marantz Model 30 e Streamer SACD 30n: como um bom vinho colheita de 50 anos

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Marantz Model 30

Apesar da génese norte americana, a marca já foi propriedade em conjunto da Philips, e em 2001 a divisão japonesa decide comprar a totalidade da empresa. Atualmente faz parte do portefólio do grupo americano Sound United.


As décadas de influência japonesa definiram não só a assinatura sonora, mas também o design característico dos produtos Marantz, que apesar de serem sóbrios são facilmente reconhecíveis no meio de aparelhos de outras marcas. Com o Model 30 e o SACD/streamer 30n, a Marantz presta homenagem ao seu primeiro amplificador integrado, o Model Thirty lançado em 1970. Passados 50 anos arriscou num design novo, mas ainda assim familiar representando mais uma continuidade, do que uma rotura com a recente linguagem estética. É a própria marca que afirma: "esta é a nova linguagem de design industrial, que moderniza e celebra o design dos aparelhos das décadas de 1950, 1960 e 1970".


Streamer SACD 30n


Qualquer dúvida quanto à nova aparência é rapidamente dissipada assim que os retiramos da caixa, o que deve ser feito com alguma prudência, com quase 15 kg o Model 30 e pouco menos o 30n é bom termos já decidido onde os vamos colocar. Sugerimos que seja num local bem à vista pois são peças muito elegantes, e serão certamente motivo de conversa quando se tem convidados em casa.


A simetria continua presente em ambos os aparelhos e os botões estão perfeitamente alinhados num painel flutuante retro iluminado. A intensidade da luz pode ser regulada ou até mesmo desligada a partir do comando remoto, mas o efeito que tem acentua a elegância do design evidenciando o acabamento texturado com um padrão semelhante ao carbono.

Aplicação Marantz


Os dois componentes têm ecrãs ao centro, circular no amplificador (a que a marca lhe chama porthole) onde mostra informação como a entrada de linha escolhida ou o volume, e retangular no 30n, onde podemos ver qual a fonte de streaming, nome do artista, álbum e música. No painel frontal convexo, do lado esquerdo está o botão On/Standby, e do lado direito uma entrada 3,5 mm para auscultadores. Para além do controlo de volume e seletor de fonte no painel flutuante retro iluminado estão também controlos de tonalidade, balanço e ainda um seletor do tipo de célula no gira-discos: MM (imane móvel) MC (bobine móvel) com três níveis de amplificação baixo (33 Ohm), médio (100 Ohm) e alto (390 Ohm).


Na parte de trás existem seis entradas RCA incluindo a de Phono, e é curioso verificarmos a inclusão de uma entrada de gravação com loop, talvez para seduzir os revivalistas dos decks de cassetes e reel to reel que vão estando outra vez na moda. Para além disso há uma saída de pré-amplificação para ser usada com um amplificador de potência ou um subwoofer e uma entrada de potência, em que o Model 30 pode ser usado com um pré-amplificador externo. Os terminais para ligar as colunas aceitam cabo descarnado, forquilhas ou bananas.


Aplicação Marantz


O Model 30 é um amplificador integrado, dual mono com um funcionamento em duas etapas que junta módulos HDAM-SA3 (Hyper-Dynamic Amplifier) sem feedback na pré-amplificação, com um par de módulos Classe D (Hypex NC500 OEM) na amplificação, e é capaz de produzir 100 watt para uma carga de 8 Ohms e 200 watt em 4 Ohms. O transformador toroidal ao centro fornece apenas corrente à pré-amplificação e ao amplificador de Phono, tendo a secção de potência a sua própria fonte de alimentação comutada.


Segundo a Marantz, os módulos HDAM foram desenvolvidos em 1992 como uma forma de melhorar a amplificação baseada nos circuitos Op-Amp, mas assim que ligamos o Model 30 percebemos que estamos muito longe das primeiras implementações de amplificação Classe D. Na verdade, confessamos que sabíamos pouco sobre o Model 30, ao ponto de pensarmos que se tratava de um amplificador Classe A/B quando o começámos a ouvir. A pré-amplificação encarrega-se de atribuir uma textura quente e doce, mas detalhada com um grave articulado, uma gama média reveladora e agudos suaves. Tudo isto é acompanhado por grande palco sonoro com um pano de fundo silencioso, e graças aos módulos Classe D, uma reserva de potência que permite escalar todas estas características exponencialmente, mesmo com colunas mais difíceis sem nunca perder o fôlego. Estamos perante um amplificador que agracia a música, e é benevolente com gravações menos perfeitas de forma que é capaz de tocar horas a fio sem nos cansarmos dele.


Marantz Model 30

Por norma os amplificadores de Phono integrados nos amplificadores não são uma grande preocupação para os fabricantes que na maioria das situações optam por instalar soluções que "dão para o gasto". Não é o que se passa com o que a Marantz fez no Model 30. Ligado a um gira-discos Pro-Ject Classic Evo com uma célula MC Ortofon Quintet Red, foi facilmente possível ajustar as definições corretas, e o respetivo ganho. Existem álbuns dos quais gostamos muito e os temos nos dois formatos: em CD e vinil, e podemos dizer que na reprodução do LP "Stripped" de Macy Gray a diferença foi por vezes difícil de perceber nas audições "cegas" que fizemos. A excelente performance de Macy, tal como a dos músicos que a acompanham está brilhantemente gravada e o Model 30 transporta-nos para um ambiente intimista que já não é no estúdio, mas numa pequena sala de espetáculos que naquele momento é a nossa.


Por mais que o Model 30 esteja equipado para lidar com as mais variadas fontes, há quem queira ouvir música de forma simples, e recorrendo apenas aos formatos digitais. Para isso a Marantz criou o SACD/streamer 30n que é uma espécie de "canivete suíço" da leitura de formatos de áudio. Praticamente todas as formas atuais de ouvir música estão contempladas: SACD, ficheiros arquivados num disco externo ou de rede, serviços de streaming mais correntes, etc.


Streamer SACD 30n

Na verdade, utilizando a saída variável é possível usá-lo como pré-amplificador, e montar um sistema apenas com o 30n e um par de colunas amplificadas, ou a um amplificador de potência. Se preferir ouvir através de auscultadores, existe uma saída 3,5 mm com controlo de volume e três níveis de ganho, que garante uma excelente performance mesmo com aqueles que têm impedâncias altas. A Marantz utiliza um mecanismo proprietário para a gaveta de CD e SACD, que quando não está em utilização a sua alimentação é desligada de forma a não interferir nas restantes entradas: duas Toslink, uma Coaxial, uma USB, rede Ethernet, Bluetooth e Wi-Fi com função de Airplay. Pode ser controlado por voz através da Google assistant ou Alexa. O botão de controlo multidirecional em conjunto com o ecrã, permite configurar o aparelho de forma inesperadamente intuitiva, mas através da App Heos tudo é mais fácil. Com suporte nativo para os serviços de streaming mais comuns, é possível controlar tudo a partir do smartphone. É pena que não esteja implementado o suporte para o software Roon como endpoint, só é possível utiliza-lo através de Airplay.


O DAC integrado faz oversampling de qualquer sinal PCM para DSD 256 com precisão utilizando dois relógios, evitando assim erros de conversão que deterioram a qualidade da música. O resultado é depois convertido para sinal analógico, conferindo ao 30n a típica assinatura sonora tão característica dos produtos Marantz.


Muitas marcas de alta-fidelidade têm alguém cuja função é avaliar o som dos seus produtos. A Marantz também tem, mas à boa maneira japonesa, são pessoas treinadas durante anos para fazer exclusivamente isso, e a marca até tem um nome para eles: chama-lhes Marantz Sound Master. No caso dos Model 30 e 30n o engenheiro responsável pela afinação do seu som foi Yoshinori Ogata, seguindo as pisadas do falecido Ken Ishiwata. São uma espécie de enólogos, que sabem escolher as castas para fazer os melhores vinhos. Alguns são para guardar e demoram anos até ficar no ponto. O Model 30 e o SACD 30n são a melhor homenagem a uma colheita com 50 anos.


Amplificador Model 30: 2 999 euros

SACD 30n Network Audio Streamer & SACD Player: 2 999 euros

Disponíveis em: Marantz


Marantz Model 30
Streamer SACD 30n





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