Um novo estudo atribui ao CD Áudio o dobro da popularidade do vinil, apesar do maior crescimento do formato analógico.
Os melómanos que continuam a
eleger o CD como suporte musical para uso doméstico podem ficar descansados:
mesmo com os recordes de receitas alcançadas no Reino Unido pelo streaming, ou
com o regresso do Vinil às preferências de muitos utilizadores, um novo estudo
indica que o CD-áudio continua a ser mais popular do que o seu rival analógico.
Pelo menos, nos EUA.
Os dados são da associação de
consumidores ConsumerReports e refletem a opinião de uma amostra de 2.022 adultos
inquiridos. Segundo o estudo
(pág. 13), 45% dos norte-americanos afirmaram que continuam a ouvir música através
dos CD Áudio, contra 21% dos que disseram usar os discos de vinil.
“Cerca de um em cada cinco [utilizadores
nos EUA] usa discos de vinil, um número que eu, francamente, pensei que seria
maior, dado que em 2022 o vinil ultrapassou os CD nos EUA”, referiu o especialista
em conteúdos multimédia James K. Willcox, num artigo
publicado na Consumer Reports.
CD vende mais, mas vinil gera mais valor
Uma das razões avançadas pelo Consumer Reports para este contraste entre o sucesso crescente do vinil e a maior utilização do CD Áudio estará na diferença entre as unidades vendidas e as receitas geradas por cada suporte.
O relatório desta associação, bem
como o artigo do especialista que o divulga, sugerem que o vinil gera mais valor
no mercado, mas que é o CD a ganhar nas unidades vendidas e, sobretudo, nas preferências
de utilização.
Quando questionados sobre que tipos
de média usaram em casa durante 2023, 45% dos inquiridos o CD no topo das preferências,
com 21% a indicar os discos de vinil. As respostas indicam ainda que 20% dos
utilizadores afirmaram usar em 2023 leitores de música digital portáteis e que 15% referiram ter reproduzido as suas ‘velhinhas’ cassetes
analógicas.
RIAA contraria supremacia do CD
À falta informações definitivas sobre a venda de música gravada durante todo o ano de 2024 nos EUA, os dados da Recording Industry Association of America (RIAA) relativos à venda de música gravada no primeiro semestre do ano passado contraria a ideia transmitida pelo estudo da Consumer Reports.
Segundo a RIAA, nos primeiros seis
meses de 2024 venderam-se 16,8 milhões de CD Áudio (mais 3,3% do que no
primeiro semestre de 2023), enquanto as vendas de discos de vinil – LPs e EPs –
atingiram os 24,3 milhões de unidades (mais 10% do que em igual período do ano
anterior).
Em termos de receitas geradas, as
diferenças entre CD e vinil foram ainda mais evidentes: enquanto as vendas de
CD Áudio deram origem a receitas de 236,7 milhões de dólares (um ténue
crescimento de 0.3% face ao ano anterior), as receitas com as vendas de discos
de vinil nos EUA cresceram 17% face a igual período de 2023, totalizando 739,9
milhões de dólares.
Os dados da RIAA indicam ainda que o streaming representou 84% do total das receitas com música gravada na primeira metade de 2024 nos EUA, gerando um valor recorde de 7,3 mil milhões de dólares.
Se no mercado norte-americano os
discos de vinil parecem assim ganhar aos CD em unidades vendidas e receitas geradas,
já as vendas totais de 2024 no ReinoUnido sugerem uma realidade mais parecida à descrita no relatório da Consumer
Reports.
O relatório da Digital
Entertainment and Retail Association indica que em 2024 as vendas de discos de
vinil ultrapassaram as dos CD em receitas, mas em número de unidades
comercializadas os discos digitais continuam a resistir, confirmando, pelo
menos, a dinâmica que o mercado está a revelar em relação aos diferentes
formatos de música gravada.